O crescimento explosivo da energia solar na União Europeia vai significar que a maioria dos países vai atingir as suas metas de energia renovável, estabelecidas para 2030, antes do tempo, de acordo com um estudo do grupo de lobby ‘SolarPower Europe’, publicado no jornal ‘POLITICO’.
A UE adicionou 41 gigawatts de nova capacidade solar em 2022 – um aumento de 40% em relação a 2021 – e é expectável que aumente para mais de 50 GW em 2023. Nesta altura, cerca de 23 países têm programado atingir as suas metas de instalação solar até 2027, o que significa que estão a ser economizadas milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa.
“O desenvolvimento solar tem sido espetacular”, referiu Javier Esparrago, especialista em energia da Agência Europeia do Meio Ambiente, argumentando que a rápida implantação, em última análise, “resume-se aos custos” da energia solar por quilowatt-hora, que caíram 90% na última década.
A descida de custos deve-se à queda dos preços dos painéis solares produzidos em massa na China, sendo que a guerra na Ucrânia produziu um grande incentivo para os países europeus avançarem com instalações solares como forma de diminuir a sua dependência da energia russa.
No entanto, apesar do sucesso, há questões que se levantam sobre o futuro do setor. Conforme a energia solar se torna cada vez mais difundida e os preços da eletricidade caem no meio do dia – quando o sol está mais forte – há quem veja o risco de que diminua o incentivo para implantar energia solar. O que torna crucial as melhorias na rede e a rápida instalação de tecnologias de armazenamento, de acordo com os especialistas: no entanto, a UE está ainda atrasada nessa área.
O rápido crescimento solar surpreendeu políticos e analistas – e pode significar boas notícias para os esforços climáticos globais. Em junho último, a Agência Internacional de Energia (IEA) foi forçada a rever em alta as suas previsões de implantação de energia renovável para a UE em 38%, a maior parte impulsionada por um aumento nas instalações solares residenciais e comerciais.
“Para ser honesto, nunca fomos muito bons. As nossas previsões mais otimistas quase sempre ficaram abaixo do mercado”, confessou Jenny Chase, analista solar da ‘BloombergNEF’. Uma dificuldade que se deveu às melhorias de custo e eficiência no fabrico chinês de painéis solares a cada ano, referiu Chase, e ao usar dados que rapidamente ficam desatualizados.
Os erros de previsão podem também significar que os esforços de mudança climática estão a ir melhor do que o esperado em todo o mundo, especialmente porque as principais economias estão juntas na corrida para instalar mais energia solar.
Em 2022, a China instalou 107 GW de produção solar – aproximadamente o equivalente a toda a capacidade instalada nos Estados Unidos – e provavelmente poderá crescer duas vezes esse valor em 2023, referiu Chase.
Em 2022, a implantação da energia solar significou que o mundo economizou 230 milhões de toneladas de emissões de CO2, segundo a IEA.