AIberdrola quer provar que centrais solares são compatíveis com vinhas, colmeias e rebanhos
Iberdrola selecionou quatro projetos internacionais que potenciam a convivência de centrais fotovoltaicas de produção solar com atividades agrícolas, pecuárias ou de horticultura.
Podem os painéis solares fotovoltaicos conviver pacificamente com culturas de tomate, vinhas, árvores de frutos, colmeias, rebanhos de ovelhas e até gado bovino? A Iberdrola quer provar que sim e por isso lançou o seu programa internacional de startups PERSEO, que entretanto já selecionou quatro projetos internacionais para identificar soluções inovadoras que potenciam a convivência de centrais fotovoltaicas de produção solar com atividades agrícolas, pecuárias ou de horticultura, de forma a melhorar a eficiência e competitividade das instalações, o uso da terra e a defesa da biodiversidade.
Através deste desafio, a empresa recebeu 110 propostas, de 32 países, das quais selecionou apenas quatro empresas, com as quais irá desenvolver projetos em várias áreas:
• Culturas de regadio: EcoEnergías del Guadiana
Esta empresa espanhola apresentou um projeto-piloto para combinar o cultivo de tomates em estruturas fixas ou retráteis que suportam painéis solares, permitindo mitigar o stress das plantas devido ao derrame de calor e granizo, poupar água e melhorar os resultados da colheita.
• Viticultura: Winesolar
Este projeto decorre da colaboração entre três empresas: Techedge (soluções tecnológicas avançadas, liderando a iniciativa), PVH (fabricante de rastreadores e estruturas para painéis solares) e Gonzalez Byass (Wine and Spirits Family formada por 14 adegas em Espanha, Chile e México, e 3 destilarias).
O desafio de mitigar e adaptar os efeitos das alterações climáticas na agricultura, e em particular na viticultura, é titânico; a solução Winesolar será uma ferramenta poderosa para enfrentá-la de uma forma abrangente, inteligente e sustentável. A Iberdrola, Techedge, PVH e a Gonzalez Byass na WIinesolar vão desenvolver um sistema fotovoltaico com um rastreador inteligente e adaptado para gerar sombra e proteger as vinhas. Um algoritmo de Inteligência Artificial controlará estes rastreadores para adaptá-los às necessidades fisiológicas das vinhas, bem como para otimizar a produção fotovoltaica.
Os dados recolhidos pelos sensores implantados nas vinhas para medir a humidade, temperatura, etc., também alimentarão o algoritmo. Em suma, a Winesolar tem como objetivo alcançar vinhas resilientes às alterações climáticas, neutras e mesmo fixas em termos de emissões de CO2. e respeito pelo ambiente natural, na medida emque não irão ocupar ou danificar a área agrícola, tudo com um claro exemplo de simbiose e eficiência da tecnologia, natureza e produto.
• Árvores Frutíferas – solução dinâmica de agrovoltaico: Ombrea
A start-up francesa desenvolveu um sistema de controlo e regulação do clima, alimentado pela inteligência artificial para proteger as culturas contra as alterações climáticas. A solução, operada remotamente, baseia-se em painéis solares que são estendidos ou recolhidos para modular a luz e a sombra de acordo com os dados climáticos recolhidos no campo através de sensores. O objetivo é proteger as plantas de ondas de calor, seca, granizo ou geada.
• Bem-estar dos bovinos: itk
Esta empresa francesa está a desenvolver uma solução baseada na ciência para apoiar os setores agrícola e agroalimentar na adaptação às alterações climáticas e à descarbonização, garantindo paralelamente a produtividade e resiliência das explorações agrícolas. O sistema de monitorização de comportamento e
plataforma de análise, farmLife, apoia os agricultores que procuram poupar tempo e aumentar a produtividade, fornecendo dados para a tomada de decisões apoiados em quatro pilares: reprodução, nutrição, conforto e saúde.
A Iberdrola realizou mais de 1.450 ações para proteger a biodiversidade nos últimos três anos, combinando a instalação de projetos renováveis com a conservação da diversidade biológica dos ecossistemas, cuidando da flora, fauna e património natural. O mais recente projeto foi a instalação de colmeias em projetos fotovoltaicos para preservar a biodiversidade e promover a economia circular.
A criação de ovinos está presente em muitos dos parques fotovoltaicos da Iberdrola, dado que antes da construção destas plantas a terra tinha um uso de gado. Por vezes, nestes locais, houve uma sobre-exploração de animais, que não permitia o correto desenvolvimento de espécies vegetais. Para evitar esta sobre-exploração, a Iberdrola vai realizar planos sustentáveis de gestão animal, com áreas rotativas que permitam uma atividade mais equilibrada. Além disso, permite controlar a altura da vegetação prevenindo incêndios. Acima de tudo atuam como um vetor de regeneração, fornecendo nutrientes e novas sementes ao solo,
aumentando a biodiversidade de uma forma mais natural.
O Programa Internacional de start-ups Iberdrola PERSEO tem 85 milhões de euros destinados a investir em start-ups e outros 40 destinados a lançar – através da sua unidade Perseo Venture Builder – empresas industriais inovadoras que trabalhem em novas áreas de eletrificação e em setores difíceis de descarbonizar.
Desde a sua criação, em 2008, o PERSEO investiu 70 milhões de euros em start-ups que desenvolvem tecnologias e modelos de negócio inovadores, focando-se naqueles que melhoram a sustentabilidade do setor energético através de uma maior eletrificação e descarbonização da economia. Atualmente, este instrumento de investimento mantém um portfólio de oito empresas.